sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Testemulho III

Antes de mais olá a todos!

Confesso que tenho andado a “adiar” a escrita deste testemunho, talvez por não ser fácil falar de algumas coisas apenas em poucas palavras. Mas, ainda assim cá vai uma tentativa.

Não sei dizer quando me apercebi da minha orientação. Sei no entanto que sempre me senti diferente. Nunca fui uma menina de cor-de-rosas nem bonecas, mas sim muito maria-rapaz. Tudo bem até ao básico, altura na qual comecei a sentir-me atraída por outras raparigas (se bem que na altura não o sabia, para mim era normal). O tempo foi passando e eu sempre com a noção de que era diferente, mas sempre afastando a possibilidade de sentir atracção por raparigas. No meu pensamento dizia “Apenas não sinto por rapazes” e ficava por aí.

Foi aos 15 anos que conheci a minha primeira namorada, numa escola. Mantive segredo da minha família, morria de medo que descobrissem e ainda não é uma perspectiva que me deixe tranquila. Mas com ela agia sem problemas, em qualquer sítio. Isso acabou por trazer-me alguns desgostos, pois acabei por ficar com fama entre algumas pessoas e ouvir comentários menos agradáveis. Ela acabou por conhecer os meus pais, como amiga, mas como a relação ia começando a ficar longa foi cada vez mais complicado esconder, uma vez que ela ia todas as semanas lá a casa. A minha mãe acabou por descobrir. Não foi bonito, nem agradável e não há um dia em que não me lembre da sua expressão nem do que foi dito. Ela não aceitou, quis levar-me ao psiquiatra mas eu recusei. Não falamos sobre a minha orientação, apenas sobre o facto de namorar com aquela rapariga. O tempo foi passando, o relacionamento não durou muito mais e o assunto caiu por terra. Não está morto mas sim adormecido e sim, temo o dia em que acorde de novo. Acho que ela tem perfeita noção de como sou mas não quer aceitar, não quer ver, parece que tapa os olhos e vira costas. E isso magoa, continua a deixar algumas marcas fundas mas aprendi com o tempo que elas saram com um sorriso da pessoa que está do nosso lado.

Hoje há algumas pessoas que sabem e algumas delas ainda me olham um pouco de lado, mas não é coisa a que ligue, nunca foi. Tornei-me um pouco mais reservada no que toca a demonstrações de carinho em público, embora aos poucos vá conseguindo estar mais à vontade sem medo com a minha namorada, mas ainda há um longo caminho pela frente.

Nem tudo é mau. Quando temos amigos, pessoas que nos apoiam e que nos fazem ver uma pouco de luz no meio da escuridão, tudo se torna mais fácil, o preconceito desvanece e a felicidade ganha =)

Kim

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